O Tejo recorda-me
A fita de seda azul
Brilhante e bem engomada
Que usava
Nas minhas tranças de menina
Foi num tempo
Em que o arco-íris baloiçava
Nas ondas que eu admirava
Da janela da velha casa
O Tejo era a estrada
Corrente de navios
Rota de sonho e saudade
Tanto olhei o rio
Que meu olhar
Transbordou no mar
Dentro de mim ficou sempre
Um barco a navegar
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
PLANÍCIE ALENTEJANA
Na calmaria da planície
Alentejana
Nasce o sossego do tempo.
O ar é branco
O silêncio absoluto
Nas tardes ardentes
Que nos fixam à terra
Já o cântaro passou
De boca em boca
Refrescando a palavra
Que não se escuta
O olhar no horizonte
Traz-nos o passado
Relembrado na dor
Da ausência dos seres
Que o tempo levou
Caminhamos em grupo
Ao som do canto dorido
Que nos une na esperança.
No verde das searas
Corre o silêncio
De cada palavra
Que fica por dizer
E as flores renascem sempre
Ainda que sós
No fogo ardente
Da planície Alentejana
Alentejana
Nasce o sossego do tempo.
O ar é branco
O silêncio absoluto
Nas tardes ardentes
Que nos fixam à terra
Já o cântaro passou
De boca em boca
Refrescando a palavra
Que não se escuta
O olhar no horizonte
Traz-nos o passado
Relembrado na dor
Da ausência dos seres
Que o tempo levou
Caminhamos em grupo
Ao som do canto dorido
Que nos une na esperança.
No verde das searas
Corre o silêncio
De cada palavra
Que fica por dizer
E as flores renascem sempre
Ainda que sós
No fogo ardente
Da planície Alentejana
domingo, 6 de fevereiro de 2011
TELHADOS DE LISBOA
Sobre os telhados de Lisboa
Espreguiça-se o sol
Tão calmo
Tão brilhante
Tal espelho
Reflectindo azul
De um rio
Que desliza
Para o mar.
Sobre os telhados de Lisboa
Há ecos
De guitarras
A trinar.
Sobre os telhados de Lisboa
Passa a brisa
Silenciosa
Das aves.
Espreguiça-se o sol
Tão calmo
Tão brilhante
Tal espelho
Reflectindo azul
De um rio
Que desliza
Para o mar.
Sobre os telhados de Lisboa
Há ecos
De guitarras
A trinar.
Sobre os telhados de Lisboa
Passa a brisa
Silenciosa
Das aves.
SOL DE LISBOA
Cantar este amanhecer
Que cresce na cidade
De sol derramado
Pelos telhados
Que acorda gaivotas
Abre janelas
Corre pelo rio
Rompendo o véu
De neblina
Mergulha no mar
E deixa um rasto
De maresia
Que sobe as colinas
E veste Lisboa
De varinas
Que cresce na cidade
De sol derramado
Pelos telhados
Que acorda gaivotas
Abre janelas
Corre pelo rio
Rompendo o véu
De neblina
Mergulha no mar
E deixa um rasto
De maresia
Que sobe as colinas
E veste Lisboa
De varinas
INVENTEI UMA CIDADE
Inventei uma cidade
Onde os homens não têm cor
A alma é transparente
Corações sorriem
Livremente
Inventei uma cidade
Onde a palavra
Grita o que sente
Inventei uma cidade
Com risos de criança
Em jardins de brincar
Inventei uma cidade
Que se passeia
Vestida de esperança
Inventei uma cidade
Onde o medo passa ao lado
E dá espaço à liberdade
E inventei um rio
Para transportar o sonho
E encher o mar
Que vem banhar
A minha cidade
Onde os homens não têm cor
A alma é transparente
Corações sorriem
Livremente
Inventei uma cidade
Onde a palavra
Grita o que sente
Inventei uma cidade
Com risos de criança
Em jardins de brincar
Inventei uma cidade
Que se passeia
Vestida de esperança
Inventei uma cidade
Onde o medo passa ao lado
E dá espaço à liberdade
E inventei um rio
Para transportar o sonho
E encher o mar
Que vem banhar
A minha cidade
sábado, 5 de fevereiro de 2011
NOITE DA CIDADE
Na noite da cidade
Onde as luzes se confudem
Com o brilho das estrelas
Vultos vagueiam
Nas ruas desertas
Repletas do sonho
De um dia que passou
De um tempo de vida
Que agora findou
Na noite da cidade
Já as luzes deixaram de brilhar
Já se ouvem as alvoradas
Do novo dia a chegar
Já só existem as estrelas
Que cada homem transporta
Em seu olhar
Onde as luzes se confudem
Com o brilho das estrelas
Vultos vagueiam
Nas ruas desertas
Repletas do sonho
De um dia que passou
De um tempo de vida
Que agora findou
Na noite da cidade
Já as luzes deixaram de brilhar
Já se ouvem as alvoradas
Do novo dia a chegar
Já só existem as estrelas
Que cada homem transporta
Em seu olhar
A ESPERA
E no meio da solidão
Há sempre um lenço
A acenar
A espera é longa
Mas virá o tempo
De encontrar
O que naufragou
Na imensidão
Do mar
Há sempre um lenço
A acenar
A espera é longa
Mas virá o tempo
De encontrar
O que naufragou
Na imensidão
Do mar
ALFAMA
Alfama
Amor e mar
Pecado marés
Maresia de sal
Corpos queimados
Cansados
De navegar
Janelas fechadas
Sonhos proibidos
Amores escondidos
Pelas ruelas
Balões pelo ar
Cravos nas janelas
Em noite popular
E o Tejo espreitando
A caminho do mar
Amor e mar
Pecado marés
Maresia de sal
Corpos queimados
Cansados
De navegar
Janelas fechadas
Sonhos proibidos
Amores escondidos
Pelas ruelas
Balões pelo ar
Cravos nas janelas
Em noite popular
E o Tejo espreitando
A caminho do mar
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