quinta-feira, 30 de junho de 2011

LÓGICA

A terrível verdade lógica
De tudo que é real
Introduz-nos no universo
Que recusamos aceitar.
E porque sabemos
Que dois mais dois
Serão sempre
E eternamente
Quatro,
Números vazios
Desprovidos de sentido,
Recusamos a imposição
Fria dos sábios
E preferimos vaguear
No irreal.
E, quando sentimos
Que um mais um
De mãos dadas
Se despem de toda
E qualquer lógica,
Criamos um universo
De números coloridos
Somando carinho
Ávidos de multiplicar.
Então...
A matemática
É um poema
Descrito
Na linha imaginária
Que nos leva ao infinito
E nos transpõe
Através de pontos
No movimento de paralelas
Que nascem das raízes
Que criamos
E formamos
Um quadrado perfeito
Correndo num universo
De números transformados
Com amor

CAIS DA SOLIDÃO

Encontrei-te no cais
Da minha imaginação
Estavas à espera de ti
Desembarcámos
A solidão

Os dois
Tomámos a carruagem
Que nos trouxe aqui

Continuámos a viagem

CAIR DE TARDE SOL POSTO

Neste cair de tarde já sol posto
Em liberdade sorris docemente
Lembrança daquele velho Agosto
Era em nós ainda sol nascente

De mãos dadas sorriso no olhar
Desbravámos ruas da cidade
Espalhámos os corpos ao luar
Grito abafado de liberdade

Quantas vezes ao olhar o tempo
Vi-te partir desfeito em água
Maré alta mar de sofrimento

Da separação então imposta
Ficou em nós a grande mágoa
De não encontrarmos a resposta

AMANHECER

Quando as estrelas
Apagam as luzes
E se vestem de sol
O amanhecer
Cheira a terra
Despertada
A aurora nasce
Límpida e pura
Puxando da terra
A força do dia

Ergue-se o Homem
Avança o sonho
Na arquitectura do tempo
Que transforma o plano
De qualquer caminho